EM BUEN GOBIERNO, SANDRA GAMARRA DISCUTE AS RELAÇÕES COLONIAIS ENTRE ESPANHA E AMÉRICA DO SUL

14/10/2021

Na exposição Buen Gobierno, que acontece em Madrid, Espanha, na Sala Alcalá, Sandra Gamarra aponta como a origem das nações latino-americanas está intimamente ligada ao nascimento da própria Espanha, partindo da pintura como narradora da história. O título Buen Gobierno tem origem no manuscrito da Primera Crónica y Buen Gobierno, escrito em 1615 por Felipe Guamán Poma de Ayala, que retrata a realidade andina colonial e pede ao Rei da Espanha, Felipe III, uma reforma do governo do vice-reinado para salvar o povo andino da exploração, das doenças e da miscigenação racial, sinônimo de desaparecimento da cultura indígena. Com curadoria de Agustín Pérez Rubio, a exposição encerra dia 16 de janeiro de 2022.

Em Cuando las papas queman [Quando as batatas queimam], série de 150 variedades de batatas pintadas sobre impressões das ilustrações do tratado de Guamán Poma de Ayala, Sandra Gamarra trabalha as diferentes visões sobre a colonização espanhola nas Américas. Nesta obra a batata, símbolo da relação comercial entre Espanha e as Américas, representa o apagamento da violência colonial. Segundo a artista, “Na Espanha, a história de conquista e violência colonial não é contada como nas Américas. Aqui, a colonização passou de um contexto imperial e suas tintas sagradas para uma relação de trocas comerciais, onde a batata ocupa um lugar primordial e suas variedades e exotismo ocultam uma parte importante e dolorosa dessa história compartilhada”.

Sandra acredita que a repetição é uma maneira de fazer com que o observador guarde a ideia que há na imagem, “Quando trabalho em série, me interessa a repetição da ação, o dizer, procuro fazer com que a ação repetitiva não seja apenas minha na hora de executá-la, mas também do próprio observador. Não pretendo que fiquem com uma imagem, mas com a ideia que há na imagem”, comenta.

Além dos trabalhos de Sandra, integra a exposição a série de Los cuadros del mestizaje do século XVIII, muito provavelmente de Cristóbal Lozano, as cabaças gravadas Sixto Seguil Dorregaray e as máscaras de La Tunantada de Junin.

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