A Galeria Leme tem o prazer em anunciar CHURASCO, a primeira exposição individual de Gabriel Giucci em seu espaço. O artista apresenta uma Brasiliana iconográfica do momento contemporâneo em uma série inédita de pinturas. Imagens de fauna, paisagens, monumentos e retratos de políticos brasileiros se combinam com notícias do país, tecendo um painel pictórico que revisita o passado, capta o presente e questiona o futuro. Com excelência plástica e virtuosidade técnica, Giucci retrata emblemas tão efêmeros quanto duradouros de um país diverso e desigual. Continuando a pesquisa que vem desenvolvendo ao longo dos últimos seis anos, o artista transpõe imagens veiculadas nas redes sociais para a pintura, dando-lhes espessura, presença e expressão através de suas pinceladas. A volatilidade das imagens nas telas é suspensa pela contemplação no espaço expositivo.
Os corpos humanos surgem como alegorias de poder que se juntam aos monumentos históricos que o artista escolhe pintar. Na obra CHURASCO, que dá título à esta exposição, o trabalho de Gabriel dialoga com a sátira antropofágica. Embora aquele gesto modernista pressupunha alguma utopia, aqui essa evocação remete aos desejos urgentes de fartura na república dos desiguais. O artista apresenta uma apropriação da bandeira nacional, na qual ao invés do mote positivista “ordem e progresso” lê-se “churasco”. Um festim imaginário, uma celebração da ideia de um Brasil capaz de reunir pacificamente pessoas com vivências, crenças e pensamentos políticos diversos. Mas o slogan de um churrasco escrito equivocadamente evoca o desespero e o imediatismo de uma miragem de abundância, que não se realiza para todos. Trata-se de uma Brasiliana praticamente esvaziada de pessoas, como se a população em sua diversidade não tivesse sido convidada para a festa.
Em meio às paisagens exuberantes, incêndios e mares de lama nos lembram do que resta face à destruição humana. Os pássaros, apesar de numerosos, parecem observadores indiferentes às cenas antropocêntricas. No jogo de emblemas resgatados pelo artista, o gado é um lembrete de que a indiferença nem sempre é viável.