Galeria Leme tem orgulho em apresentar a primeira mostra individual de Sebastiaan Bremer em São Paulo. O título da exposição, Invasões Holandesas, vem do termo brasileiro dado ao período da ocupação holandesa no Brasil no século XVII. Por ser holandês e casado com uma brasileira, este período da história do país tem, para Bremer, significado pessoal e artístico. Através do encontro do desenho com a fotografia, Bremer apresenta um universo que transmite uma sensação da experiência de memória e do presente e cria uma realidade estratificada, cujo conflito é um reflexo do país bem como da relação do artista com ele.
Cada obra de Invasões Holandesas tem como ponto de partida o fascínio de Bremer por pintores da corte Holandesa como Albert Eckhout e Frans Post, cujas pinturas são algumas das primeiras imagens conhecidas do ‘novo mundo’ produzidas in loco pelos europeus e mostram a complexa diversidade brasileira – aparente já naquela época. Esse fascínio coincidiu com o achado de placas de negativos de fotografias do Brasil de antigas bibliotecas nos Estados Unidos, por volta dos anos 1930.
Uma vez que Bremer encontrou, revelou e ampliou as imagens escolhidas, ele desenha com pequenos pontos brancos, intrincadas teias sobre a superfície fotográfica. Paradoxalmente, este processo obscurece partes da imagem original, enquanto redefine outras, acrescentando um novo conteúdo a cada obra. Esses desenhos etéreos tornam a imagem -antes familiar- em algo mais opaco, cada fio espalhando-se organicamente sobre a superfície, como o crescimento de fungos, criando uma sensação de deterioração. A visceralidade do trabalho reside na sua inventividade e complexidade técnica, ao passo que as composições criadas por Bremer têm um fino equilíbrio entre o complexo e nítido. Bremer ocasionalmente aplica finas camadas de nanquim colorido que remetem às cores que vemos quando fechamos os olhos.
Invasões Holandesas no Rio de Janeiro (2010) compreende três sobreposições de imagens do Rio de Janeiro tomadas na década de 1930. Estas imagens de arquivo das antigas bibliotecas americanas foram sobrepostas e impressas por Bremer e sua superfície coberta com fantasmagóricas cenas bucólicas apropriadas das antigas pinturas holandesas. É um trabalho no qual história e fragmentos de realidade criam uma paisagem onírica de ideais perdidos. O tumulto e o caos da cidade são também aparentes nesta obra, mas a cidade das fotografias não existe mais, foi demolida e reconstruída desde então. O mesmo é válido para as cores: os corantes utilizados para colorir as fotos originais foram novamente usados por Bremer, o que dá ao todo uma sensação de nostalgia.
Sebastiaan Bremer nasceu em Amsterdã, Holanda em 1970 e mudou-se para Nova Iorque em 1992. Suas obras integram importantes coleções dentre elas: Victoria & Albert Museum, Londres; Museum of Modern Art, Nova Iorque; Los Angeles County Museum of Art; The Zabludowicz Trust, Londres; The Rabobank collection; The AKZO Nobel Collection; The Netherlands and Lodeveans Contemporary LLP, Londres; Berger Collection. Suas obras foram expostas na Tate Modern, The Brooklyn Museum of Art, The Aldrich Museum, PS1/MoMA, Nova Iorque e Het Gemeentemuseum, The Hague. Recentemente expôs na Galerie Barbara Thumm, Berlim (Maio 2009), Hales Gallery, Londres (Outubro 2009), James Fuentes LLC in Chinatown, Nova Iorque (Junho 2009), Bravin Lee Programs (Setembro 2009) e em 2008 concluiu uma obra para o Los Angeles County Museum of Art, na qual ele faz referência à coleção de pinturas dos grandes mestres holandeses pertencente ao LACMA. Atualmente está trabalhando em um mural na KaDE Kunsthal, Amersfoort, Holanda.