Fernanda Chieco, Neil Hamon, Benji Whalen e Renato Dib Coletiva

16/03/2006 - 14/04/2006

A Galeria Leme apresenta trabalhos de quatro artistas distintos, criando um diálogo entre as obras.

Fernanda Chieco, brasileira – A nova série de desenhos “Brave Vulture” prossegue estabelecendo relações entre corpos humanos no trabalho desta jovem artista de 29 anos. “Eu estou constantemente pesquisando anatomia humana, manuscritos médicos do século 14, funcionamento de máquinas e mecanismos complexos em geral, mitos e lendas, magia”, explica. Os urubus alegadamente trazem equilíbrio ao desenho de Fernanda; a forma rica e colorida do animal interage com a sensualidade das mulheres, criadas através do leve traço da artista. O tom fúnebre destes animais e as armas carregadas por algumas de suas personagens, como uma granada e uma pistola, mostram-se em contraponto com a expressão serena de suas mulheres. Na série “Iscas”, Fernanda fornece instruções de como se livrar de insetos, ou fornecer alimento para seus urubus. “Iscas” é composta por dez desenhos acompanhados por objetos.

Neil Hamon, inglês – A morbidez se expõe mais francamente nas fotografias de Hamon, expostas ao lado de Chieco no salão principal da galeria. Ele apresenta uma série de imagens de seu próprio suicídio, baseadas em cenas de crime da américa dos anos 20. “Hanging” e “Overdose” consistem em um grupo de imagens apresentando diferentes detalhes deste momento, em diversos ângulos. O estilo é similar ao dos primórdios das fotos e registros de cenas e crimes, como o do “pai” da fotografia forense – Alphonse Bertillon. A imagens são unidas de maneira não linear, formato muito utilizado hoje pelo cinema contemporêneo. O trabalho de Hamon encontra-se entre o documentário e o cênico.

Benji Whalen, americano – Whalen apresenta seu já conhecido trabalho de tantuagens bordadas sobre braços feitos de tecido, onde a subcultura da tatuagem aparece de forma mais delicada, porém com forte apelo sensual, tratando temas como sexo, morte, política e religião. Seu trabalho funde o masculino e o feminino de várias maneiras. Tradicionalmente o bordar é visto como um atributo feminino e foi usado nos anos 70 por artistas feministas para pontuar uma forma de expressão. Whalen, através de seus bordados, expressa deliberadamente a agressividade do imaginário masculino. Funde a maciez do tecido com a rigidez da agulha, que também é utilizada para fazer a tatuagem sobre a pele.

Renato Dib, brasileiro – Dib, que apresenta seus trabalhos no mezzanino da galeria, utiliza o bordado de maneira mais poética. Suas criações de cores suaves, pálidas, ultrapassam o tecido original e surgem em colagens e aquarelas, como uma colcha de retalhos, ou como fragmentos de um manto, mais apaziguador, sem perder a inquietude e a sensualidade.