Ex-Libris Patricia Osses

04/10/2012 - 10/11/2012

Matéria tanto das imagens como da exposição, a penumbra é o elemento que une os quatro grupos de trabalhos apresentados por Patricia Osses em Ex-libris.

Ex-libris é uma expressão latina que significa, literalmente, “dos livros”. Pode estar inscrita em uma vinheta colada na contra capa de um livro, para indicar quem é seu proprietário. Não há livros presentes na exposição ou nas imagens, mas é através de sua ausência que está construído todo o pensamento visual dos trabalhos apresentados. É justamente por sua inexistência que esse elemento se potencializa e se faz presente.

Grenier (Sótão), obra que abre a exposição, consiste em uma série de 18 imagens de pequenas dimensões, feitas no sótão de uma antiga casa de fazenda no interior da França. A luz, pouca e aquecida, sobre os objetos esquecidos, levou a artista a fotografar como quem realiza uma pintura. Nas imagens o lugar é denso, os objetos não tem contornos e sua presença é duvidosa. Em Ex-libris esses objetos-imagem se apresentam soltos, dispostos sobre uma prateleira, como em uma biblioteca ou uma coleção.

Bibliothèque (Biblioteca) e Étagères (Estantes), se origina na mesma fazenda de Auvergne, França, que abriga uma granja do ano 1800 em seu estado quase original. O teto, com quase dez metros de altura e todo em madeira, é onde a artista constrói uma versão ficcional do lugar, transformando-o em uma biblioteca. As telhas de madeira são transformadas em milhares de livros antigos que, para serem alcançados, necessitam de longas escadas. Para lê-los, a artista se instala nas altas vigas de sustentação.

Library (Biblioteca) é constituída por imagens de uma biblioteca real mas desprovida de sentido, uma vez que está vazia. Localizada no quarto mais sombrio da casa do escritor John Osborne (1929-1994) em Shropshire, Inglaterra, a biblioteca abrigou um tipo incomum de matéria. A artista fotografou as estantes sob a ação da neblina e da luz, preenchendo-as sem ocupá-las e preservando seu vazio.

Finalmente, o vídeo Dormitório conta novamente com lugares e objetos esquecidos, de estranhas coleções, sempre conservadas na penumbra. Criado a partir de fotografias de uma ação performática, o resultado nos situa entre a fotografia e o filme, gerando um movimento permanente e quase imperceptível. A trilha sonora que acompanha a obra, gravada pelo músico Thomas Rohrer dentro dos espaços da Galeria Leme, emite os sons da rabeca por toda
a exposição.

Sobre a artista:
Patrícia Osses (Santiago do Chile, 1971). Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Entre suas exposições individuais se destacam: Vigne-mère (Videira-mãe), Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo (2012), Casapina, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2010 – Ocupação dos Espaços, Galeria Mario Schenberg, Funarte, São Paulo (2010), e as coletivas: Instituto Cervantes, Alhambra, ou dos edifícios que falam, São Paulo(2010). Patricia Osses é integrante da coleção MAC-USP.