Em sua segunda exposição individual na Galeria Leme, Felipe Cama apresenta autorretratosfeitos através de pinturas e impressões de formas abstratas, porém calcados na precisão matemática.
Durante um longo período o artista registrou atividades de importância na sua vida, tanto do seu dia-a-dia como de eventos esporádicos. A quantidade de ocorrências, o tempo gasto com cada uma, a disposição na qual se encontrava, são alguns dos dados registrados e transformados em infomação visual.
O projeto abrange aspectos relevantes da vida do artista, que se retratou através da quantificação e qualificação dos dados coletados, capazes de traçar um perfil de sua personalidade. Durante o ano de 2011 Cama registrou, todos os dias, as condições do seu humor; durante cinco meses registrou o tempo que passou com sua filha; durante cinco anos registrou seus exames de sangue em âmbito comparativo. Como uma mania, registrou todas as vezes que olhou para o relógio e viu o número de hora coincidir com o dos minutos, como 12:12 ou 22:22.
Todos estes dados foram tabulados e inseridos em um programa de planilhas que quantificou e qualificou estes dados. Feito isso, o programa gerou gráficos, representações visuais destas informações, através de elementos de diferentes formatos, cores e significados.
Em um primeiro contato o espectador pode perceber uma maneira fria e distante de retratarse por parte do artista, uma vez que o olhar se depara com formas geométricas e curvas matemáticas, mas Felipe Cama cria um íntimo questionamento em relação ao seu tempo e sua vida. Procura retratar através destes dados estatísticos aspectos sobre suas escolhas, sua personalidade, e seu cotidiano. Questiona os motivos pelos quais dedica mais ou menos tempo com determinadas atividades e quais razões o levam a isto, ou mesmo por quê na vida contemporânea fazemos estas escolhas em função de uma intensa atividade urbana.
As pinturas e impressões são extraídas de exatos cálculos matemáticos. Interpretadas pelo artista, se tornam composições de aspecto formalmente abstrato. Felipe Cama se desmaterializa em números para se rematerializar na sua própria produção.
Sobre o Artista:
Felipe Cama (Porto Alegre,1970). Vive e trabalha em São Paulo.
Integrante das coleções MAM-SP e MAC-USP, destacam-se entre suas exposições individuais: SESC Ribeirão Preto, SP, Brasil (2011); Ericka, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2009); Felipe Cama, Mostra do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil, e as coletivas: Caos e Efeito, Itau Cultural, São Paulo, Brasil (2011); Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira, SESC Belenzinho, São Paulo, SP, Brasil (2011); Foto Phidalga, Centro Cultural Carpe Diem, Lisboa, Portugal (2009).