Para a “Arco Madrid 2025”, a Galeria Leme apresenta trabalhos de três artistas: Sandra Gamarra Heshiki, Luciano Figueiredo e Gabriela Giroletti.
Seguindo a marcante presença de Sandra Gamarra (n. 1972) na 60ª Bienal de Veneza, na qual foi a primeira artista nascida fora da Espanha a representar o Pavilhão Espanhol, sua produção revisita a história da arte a partir de perspectivas decoloniais, abordando temas como acessibilidade, diversidade e sustentabilidade no contexto das instituições culturais. A nova série de obras, “Descubrir lo que había interés en mantener secreto” serve como uma metáfora para o que a ideia de natureza nos oculta. Neste caso, não é uma manta que se “retira”, mas um poncho. Esse tecido, próprio dos Andes, revela o que o olhar ocidental, ao contemplar a paisagem tropical, também esconde: o desejo de obter matérias-primas à custa da própria destruição da paisagem que admira.
Luciano Figueiredo (n. 1948), por sua vez, é reconhecido como um dos expoentes da contracultura da década de 70 no Brasil, ao lado de artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica. As obras de Figueiredo partilham de um senso de atemporalidade que parte de sua exploração com a arte concreta desde 1984. Sua prática refuta a estrutura rígida e formal do movimento artístico, prezando seu caráter experimental e não ortodoxo. Ao investigar e desafiar o volume da tela, criando assim “relevo” (homólogo à sua série de trabalhos), suas estruturas desafiam a matemática. Figueiredo é movido pela questão planar, permitindo que a tridimensionalidade e a cor convidem à contemplação de um objeto imaginário.
Apresentando-se pela primeira vez na feira, Gabriela Giroletti (n. 1982) transita na tensão entre o abstrato e o figurativo na pintura. Sua produção parte de referências ao mundo natural e lírico, estabelecendo uma conexão entre experiência vivida e processo. Para Giroletti, um depende do outro, permitindo que explore todas as possibilidades do material. Algo que parece simples à primeira vista é, na verdade, uma construção complexa de equilíbrio entre o volume da superfície das telas e a transparência.
Embora a tinta a óleo ofereça uma maior transparência, é a mistura com tinta acrílica e gel que dá aos seus trabalhos uma qualidade estranha, deslocada. Neles, existe uma tensão entre textura, brilho, profundidade e volume. Para Giroletti, isso faz parte de seu processo de transformar o material em algo idiossincrático à obra.