A Galeria Leme apresenta a primeira exposição individual de Osmar Dalio em seu espaço. Intitulada “Planares”, a exposição conta com quatro grandes esculturas de aço corten que criam uma tensão com o espaço expositivo e estabelecem um equilibrado diálogo entre si. Esta mostra é o resultado de um longo período de pesquisa e maturação do artista desde a última vez que a sua obra foi apresentada ao público numa exposição individual no ano 2000.
Osmar Dalio faz parte de uma importante geração de artistas de São Paulo formados na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado nos anos 80. A sua investigação sobre o equilíbrio e a tensão entre as formas e o espaço que as contém, tal como entre o cheio e o vazio da escultura, tem paralelos interessantes com importantes pesquisas da história da arte brasileira, tais como as de Franz Weissmann, Willys de Castro e José Resende. Inicialmente trabalhando com materiais perecíveis, peças de borracha, madeira, entre outras, Osmar Dalio começa a sua investigação com estruturas metálicas a partir de 1988, o que lhe garante uma grande desenvoltura no trabalho com este material adquirida ao longo dos anos.
As esculturas realizadas especialmente para a sua exposição na Galeria Leme exibem uma espécie de monumentalidade inerente. A “arquitetura” de cada peça se articula a partir de operações que exploram a materialidade, peso, resistência e equilíbrio do aço corten. O processo de concepção do artista se inicia a partir de uma primeira idéia desenvolvida através do desenho. Depois elabora uma pequena maquete onde testa tridimensionalmente as formas e proporções de cada escultura. Em seguida, a peça é fabricada industrialmente através de uma forte colaboração entre o artista e um grupo de técnicos em engenharia. Intersecções, cortes, rebatimentos e justaposições são calculados cuidadosamente num processo que conjuga uma precisão matemática e um ímpeto intuitivo. Alguns cortes se espelham enquanto outros se adentram no volume, criando cavidades e reentrâncias que exercem uma atração magnética sobre o corpo do espectador. Este cuidadoso equilíbrio entre cheios e vazios faz com que as toneladas de metal transpareçam uma sensação de leveza e movimento. A materialidade das peças é também cuidadosamente trabalhada, estas são induzidas a processos de oxidação por meio de produtos químicos especiais, o que lhes confere um acabamento perfeito, uma tonalidade intrigante e uma textura aveludada. A sua manufatura nega qualquer tipo de rastro manual do trabalho do artista, o que parece enfatizar a natureza do ferro. Fortemente usado na arquitetura e engenharia este material representa simbolicamente a histórica busca por uma “ordem” humana sobre a natural, aliada fortemente à importância do progresso tecnológico. Esta herança histórica parece de certa forma impregnar as formas geométricas das esculturas de Osmar Dalio que ganham ainda mais carga simbólica quando entram em diálogo com a arquitetura do edifício da Galeria Leme.
Sobre o artista:
Osmar Dalio, São Paulo, Brasil, 1959. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Bacharelado em Artes Plásticas pela FAAP, São Paulo, em 1982, tendo estudado com Regina Silveira, Júlio Plaza e Nelson Leirner. Mestrado na Chelsea College of Art ad Design, Londres, sobre a orientação de Helen Chadwick, Cornelia Parker e Richard Deacon.
Principais exposições individuais: Galeria Millan, São Paulo, Brasil (2000); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (1991); Galeria Macunaíma, Fundação Nacional de Arte / Instituto Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo, Brasil (1990).
Principais exposições coletivas: Panorama da Arte Atual Brasileira, Formas Tridimensionais, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; 21a Bienal Internacional de São Paulo, curadoria de João Candido Galvão. Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (1991); Macunaíma 89, Fundação Nacional de Arte / Instituto Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, Brasil; 11o Salão Nacional de Artes Plásticas, Fundação Nacional de Arte / Instituto Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, Brasil (Prêmio Aquisição) (1989); Anathemata. curadoria de Aracy Amaral. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; Arte na Rua 2. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Central de Outdoor, São Paulo, Brasil (1984), entre outras.
O seu trabalho faz parte das coleções públicas: Ferrovia Paulista FEPASA, Estação Júlio Prestes, São Paulo, Brasil e do Museu de Arte de Brasília, Brasília, Brasil.