Mauro Piva

23/03/2013 - 27/04/2013

Em sua primeira exposição individual na Galeria Leme, Mauro Piva apresenta um novo corpo de guaches e pinturas, baseadas no imaginário da criação de identidade e expressão textual de indivíduos, a partir da ausência de características fundamentais, formais ou escritas.

No corpo de telas que remetem ao trabalho de Mondrian, Piva utiliza a fita crepe, elemento central destas criações, para recriar a delimitação de espaços e cores, e algumas vezes das linhas, feitas pelo artista. Porém, faz com que a própria fita não seja mais somente uma ferramenta de construção, uma vez que é pintada na própria tela contendo em si a totalidade do trabalho. Piet Mondrian passa a ser reconhecido não pelos espaços ocupados de cores, e sim pela ausência destas cores, e seu suposto resquício no elemento delimitador.

Em outra situação a fita crepe aparece pintada em pequenos cortes, sobrepostos ou não. Mauro Piva trás para a superfície da pintura um elemento tridimensional constantemente utilizado e dispensado nos ateliês, em uma tentativa de reutilização deste elemento, porém de forma distinta. Em telas nas quais a fita crepe, pintada sobre a tela, se torna tridimensional, o artista se volta para mais uma de suas funções: aquela de prender ou segurar algo, como se a fita segurasse a tela. Assim como as fitas crepes são de cor e textura extremamente variadas, as fitas pintadas pelo artista também possuem esta característica.

Já nos guaches, nas quais são delicadamente pintados papéis rasgados que sugerem bilhetes, Mauro Piva convida o espectador a imaginar o que estaria nestes bilhetes. O tamanho do papel pintado e seu pequeno rasgo sugerem um espaço para poucas palavras, como uma dose de fala, um recado ou um lembrete, fragmentos do cotidiano. Os guaches, todos com o mesmo tamanho e com o mesmo rasgo, sugerem formas iguais de dizer coisas diferentes e formas de estabelecer alguma comunicação, mesmo que com si próprio.

Sobre o artista:

Mauro Piva (Rio de Janeiro, Brasil, 1977). Vive e traballha em São Paulo.

Integrante da coleção do MAM-SP, entre suas exposições se destacam as individuais: Galeria Enrique Guerrero, Cidade do México, México (2011); Galeria Fernando Pradilla, Madrid, Epanha (2011); Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, Brasil (2010); e as coletivas: Vestígios da Brasilidade, Santander Cultural Recife, Recife, Brasil (2011); Intimidade, SESC Pompéia, São Paulo, Brazil (2009); Gabinete de Desenhos, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil (2007); 10 anos + 1 Os Anos Recentes da Arte Brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2006).