Luciano Figueiredo em diálogo com Raymundo Colares

18/05/2019 - 22/06/2019

A Galeria Leme/AD tem o prazer de anunciar a exposição Luciano Figueiredo em diálogo com Raymundo Colares em seu espaço. A mostra reúne um conjunto representativo de obras históricas dos artistas, considerados expoentes do movimento da Contracultura e Experimentalismo no Brasil na década de 1970. Luciano Figueiredo apresenta trabalhos que resgatam etapas e processos de investigação formal e cromática que marcaram seus 50 anos de pesquisa. Por meio de um diálogo mais do que pertinente, as obras de Colares demonstram uma sincronicidade investigativa, que une características do construtivismo e influências da publicidade e programação visual da época.

Nas obras de Figueiredo, o papel jornal age como um elemento catalisador, encontrado em praticamente todos os seus trabalhos. Retirado de tabloides impressos, esse material foi explorado intensamente pelo artista por décadas, desde meados dos anos de 1970, quando ainda morava em Londres (GB). As obras da série “Kinomania” (1980-90), por exemplo, atribuem às composições geométricas em papel jornal diversos elementos visuais e outras referências sutis inspiradas em filmes do Cinema Noir, como “Cidadão Kane” (Orson Welles) e “Pacto de Sangue” (Billy Wilder), entre vários outros. Em sua maioria, os trabalhos remetem ao construtivismo e tradição gráfica, por meio de experiências com as propriedades dos tecidos e papeis. Da mesma forma, os “livros-objetos” de Colares, uma de suas séries mais emblemáticas, os chamados “Gibis” (final dos anos de 1960), também exploram as características formais do material. Através das dobras e cores e cortes no papel, o artista criava narrativas visuais que surpreendiam ludicamente o espectador, que era convidado a interagir com a obra.

Por mais de 30 anos, a partir de meados dos anos de 1960, Luciano Figueiredo transitou pelas mais diversas áreas do cenário artístico nacional e internacional. Essa experiência como profissional múltiplo, num período de extrema efervescência cultural, construiu um percurso que prima pela investigação sobre materiais do cotidiano e suas possibilidades, acompanhando o melhor da arte experimental brasileira dos anos de 1960 e 1970 que, diferentemente do conceitualismo desmaterializado da América do Norte, não cindiu pensamento e sensorialidade.

Na pesquisa de Figueiredo, a manipulação dos materiais, através de recortes, colagens, etc., deu início a uma série de ‘pinturas-objetos’, ou seja, estruturas de cor, a partir da combinação de diferentes elementos, como papel jornal e tecidos. Mais tarde, essa pesquisa culminaria na chamada série “Relevo”, uma das mais icônicas do artista, onde ele acumula diversas camadas de telas pintadas em composições geométricas, no que ele chama de “possibilidades de cor e espaço em suspensão”. Algumas das primeiras obras dessa série poderão ser vistas na exposição.

Raymundo Colares, por sua vez, investiu na representação dos ritmos ditados pela contemporaneidade. Em suas pinturas, por meio da geometria, ele retratava o dinamismo e a diversidade de uma época em grande transformação – anos 60, 70 e 80. Suas pinturas traziam, principalmente, cores em tons fortes e imagens fragmentadas, ou seja, processos interrompidos, a partir do imaginário urbano, como prédios e ônibus. Seus desenhos e pinturas trazem referências nítidas da Arte Concreta e Pop, bem como elementos da cultura de massa, características que o tornaram figura importante para o movimento da nova figuração no Brasil.

 

Sobre os artistas:

 

Luciano Figueiredo. Fortaleza, Brasil, 1948. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil e Nice, Blois e Paris, França.

Dentre as suas exposições individuais estão: Pli et Contre-Pli, Galerie Depardieu, Nice, França (2018). Urgente: É Pintura!, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2017); Figures et Formes Géométriques, Marcel Fleiss Galerie, Paris, França (2017); Cor, Plano, Suspensão, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2015); Cor, Plano: Suspensão, Galeria Lurix, Rio de Janeiro, Brasil (2014); fabri-fabulosi IMAGEM/LEGENDA: um cine-romance, Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil (2013), Structures, Couleurs, Galerie des Docks, Nice, França (2011), Peintures et Reliefs, Galerie d’Est et d’Ouest, Paris, França (2007), entre outras.

Exposições coletivas: Modos de ver o Brasil, Itaú Cultural 30 anos, OCA, São Paulo, Brasil (2017); Jogos de Guerra, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brasil (2011); Anos 70, Arte como Questão, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2007); Filmes de Artista, Brasil 1965-80, Foire d’art contemporain de Strasbourg, França (2007); Tudo É Brasil, Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil (2004); Contemporary Brazilian Works on Paper, Nobe Gallery, Nova York, EUA (1978); Salão de Verão, MAM, Rio de Janeiro, Brasil (1970); 2a Bienal Nacional de Artes Plásticas, Salvador, Brasil (1968); IX Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil (1967); 1a Bienal Nacional de Artes Plásticas, Salvador, Brasil (1968), entre outras.

Coleções: Coleção Itaú, Brasil; Coleção CCBB-RJ, Brasil; Coleção Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, Brasil; Musée Départamentale de Gap, França; Museum of Fine Arts, Houston, EUA; Coleção Patrícia Phelps de Cisneros, EUA; The Collection Annette and Peter Nobel, Suíça; Kadist Foundation, São Francisco, EUA.

 

Raymundo Colares. Grão Mogol, MG, 1944 – Montes Claros, MG, 1986

Dentre as exposições individuais: Raymundo Colares, Galeria Ibeu Copacabana, Rio de Janeiro (1970); Raymundo Colares, Brazilian-American Cultural Institute, Washington, DC, EUA (1979); Raymundo Colares, Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro, RJ (1985); Raymundo Colares, Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo, SP (2004); Raymundo Colares, MAM-SP (2010).

Dentre coletivas: Nova Objetividade Brasileira, MAM-RJ (1967); 19o Salão Nacional de Arte Moderna, MAM-RJ (1970 – Prêmio Viagem); 4o Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM-SP (1972); Arte Agora I, MAM-RJ (1976); Do Moderno ao Contemporâneo, Barbican Center, Londres, GB (1984); Modernidade: arte brasileira do Séc XX, Musée d’Art Modern de la Ville de Paris, Paris, França (1988); Livro-objeto: A Fronteira dos Vazios, CCBB-RJ (1994); Bienal Brasil Séc XX, Fundação Bienal, SP (1995); Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal, SP (2000); Neovanguardas, Museu de Arte da Pampulha, MG (2008); 30 X Bienal: Transformações na Arte Brasileira, da 1a a 30a edição, Fundação Bienal de São Paulo (2013).

 

 

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