Ghob or The End is Near João Pedro Vale

10/05/2012 - 13/06/2012

Para a sua segunda exposição individual na Galeria Leme, João Pedro Vale apresenta um conjunto de trabalhos baseados em crenças populares e teorias esotéricas, que marcam para o dia 21 de Dezembro de 2012 o fim do mundo como o que conhecemos, e o início de uma nova era. A exposição divide-se em dois núcleos fundamentais: um conjuntos de filmes, realizado em colaboração com Nuno Alexandre Ferreira, intitulado “O Rei dos Gnomos” ou “King Ghob”, e uma série de peças que se relacionam com o universo dos filmes, apontando para possíveis leituras e desdobramentos, a partir das mitologias sobre o 2012.

Os filmes tomam como ponto de partida a história de um personagem verídico, o português Francisco Leitão, que se autointitulava “Rei dos Gnomos”, ou “Rei Ghob”, apropriação do nome de uma figura mitológica a quem as crenças populares atribuem poderes mágicos. Por meio de vídeos caseiros publicados no Youtube, Leitão atraía jovens para a sua casa no interior do país, uma espécie de castelo, recheado de duendes e esculturas mitológicas, misturados com personagens da Disney. Alegando ter poderes mágicos, que os poderiam salvar da catástrofe que acometeria o mundo em 2012, Leitão aliciava os jovens para uma espécie de seita, com o intuito de obter favores sexuais. Francisco Leitão viria a ser acusado pela morte de 3 adolescentes. A partir dos vídeos de Leitão, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira criaram 24 pequenos filmes, com duração de entre 3 e 6 minutos cada, em que, através de uma narrativa não linear, refletem sobre o processo de formação de comunidades e grupos, e sobre a importância de símbolos, rituais, normas e imaginários comuns nesse processo.

O conjunto de peças apresentadas juntamente com os filmes, em várias técnicas e suportes, aborda, mais especificamente, a ideia da ilusão. As peças configuram-se como pequenos altares, ou estandartes, cuja leitura relaciona-se com, e é diretamente influenciada, pelas diferentes partes do filme. De fato, coerentemente com o tema geral, todas essas obras propõem, de maneira veladamente irônica, uma dupla leitura, como se carregassem a chave para a salvação, ou a perdição, do observador. De maneira análoga ao que acontecia em trabalhos anteriores de João Pedro Vale, nessas obras a imagem e a maneira como ela foi construída vão se desvendando aos poucos, por exemplo nas pinturas feitas a partir de estereogramas, que revelam uma nova imagem por detrás da superfície; ou nas pinturas feitas com tinta fosforescente, cujo motivo apenas se revela ao apagar as luzes; ou ainda nas impressões em lenticular, que se tornam visíveis apenas quando o olho se movimenta sobre elas; ou nas obras que parecem feitas de madrepérola, mas que revelam ser minuciosas construções de película utilizada para embrulhar alimentos.

Sobre o Artista:
João Pedro Vale (Lisboa, 1976). Vive e trabalha em Lisboa, Portugal.
Seu trabalho foi apresentado em diversas exposições entre as mais recentes destacam-se individuais na Fundação PLMJ, Lisboa; Nurtureart, Nova York; Museu do Chiado, Lisboa; Wuestenhagen Contemporary, Viena; Museo de Arte Conteporáneo Union Fenosa, Espanha. E coletivas na Elipse Foundation, Portugal; Bienal de Portugal; Museo Patio Herreriano de Valladolid, Espanha; Centre PasquArt, Suiça e Estação Pinacoteca, Brasil. João possui obras em coleções particulares e públicas como Tate, Londres; Fundação de Serralves e Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal.