As fronteiras do mundo estão cada vez mais indefinidas; as identidades, mais complexas e feitas de camadas. A informação é reproduzida e viaja o globo na velocidade da luz, as pessoas se conectam e se comunicam de maneira remota, adotam avatares e se entregam à vidas duplas virtuais.
Uma simples localização geográfica nos dá uma referência valiosa e confiável de identidade, culturas, tradições e seus sub-produtos? Coerênica e distância não se relacionam mais de maneira linear. Com isto em mente, a Galeria Leme tem o prazer de apresentar 10° 00 S / 76° 00 W, uma exposição coletiva com obras de 10 artistas que trabalham com técnicas diversas e, de um jeito ou de outro, têm um “pé no Peru”, mas não necessariamente são peruanos ou baseados no país.
Sandra Gamarra (Lima, 1972. Vive e trabalha em Madri, Espanha) apresenta Las Chicas del Catálogo, um set de 21 pinturas em pequeno formato que reproduzem páginas de um catálogo de feira de arte. Através da apropriação da reprodução impressa de obras de outros artistas, Sandra questiona a experiência da arte hoje, além da comunicação e das implicações da reprodução em massa.
Miguel Aguirre (Lima, 1973. Vive e trabalha em Barcelona, Espanha). 26 diciembre (this is the portrait of JonBennet Ramsey), é um tríptico – duas pinturas e uma página de jornal. Miguel usa o assasinato de JonBenet, Miss America, de 7 anos de idade, por John Mark Karr como um meio de questionar o poder de uma imagem, da media e de realidades ilusórias e identidades inspiradas em uma mente doentia.
Esteban Igartua (Lima, 1974. Vive e trabalha em Bristol, RU). Imagens fantasmagóricas, complexamente detalhadas e manufaturadas; o trabalho do artista descreve uma realidade fantástica de alguma maneira relacionada ao mundo real. A incerteza do nível desta relação e o modo como estas imagens , na superfície tão fantásticas, refletem elementos de fácil reconhecimento elevam seu mistério. Esteban responde a elementos retirados da vida, sonhos, memórias, livros, pinturas e comunicação de massa.
Gabriel Acevedo Velarde (Lima, 1976. Vive e trabalha em Berlim). O artista apresenta de 03 imagens preto-e-brancas de série Bone-Fireworks, uma manifestação pop-poética das associações e realidades que representam sua mente e que embora pareçam absurdas quando descritas, apresentam-se fluidas e possíveis. “Acho que gosto de analisar a maneira como reajo a coisas diferentes para descobrir como minha mente cria mentiras complexas para preserver a ordem pré-estabelecida. Depois, tento retirar os elementos que confirmam a história que meu cérebro inventou”.
Eduardo Hirose (Lima, 1975. Vive e trabalha no Peru). Identidade é o tema central de uma série de fotografias preto-e-brancas que documentam a comunidade austro-germânica Pozuzo, estabelecida em 1859 no meio da selva peruana. Sua existência isolada por mais de 100 anos foi impactada pelo construção de uma rodovia em 1975, influenciando sua origem social, geográfica e características étnicas.
Ishmael Randall Weeks (Cusco, 1976. Vive e trabalha em Lima e Nova York). O artista usa princípios arquitetônicos, gravuras, desenho e colagem para criar espaços imaginários complexamente estruturados e construídos. As 03 obras exibidas evocam ambientes urbanos oníricos que apelam para um sensação de incerteza e para a dicotomia do caos regulado.
Philippe Gruenberg (Lima, Peru, 1972. Vive e trabalha em Lima). Desde 2005, os estádios e quadras dos maiores clubes de futebol peruanos têm sido o foco das lentes fotográficas de Philippe. Em uma série de imagens que brincam com noções de público e privado, assim como anonimato e fama, espaços vazios representam o imaginário coletivo. Assim, a ausência é um espaço para articulação privada de cenários infinitos. Philippe participou da 25° Bienal de São Paulo em 2002.
José Carlos Martinat (Peru, 1974. Vive e trabalha em Lima) AER-3/Brutalismoreside entre arquiteturas e arquétipos físicos e sociais. O modelo icônico peruano “Pentagonito” instalado na galeria remete à sede do service secreto peruano; a galeria ao brutalismo (da arquitetura) de São Paulo. A assossiação entre “brutalismos” traz assossiações dualistas baseadas na história negra do Pentagonito, justapostas à fascinação pela forma bruta.
Raimond Chaves (Bogotá, 1963. Vive e trabalha em Lima e Barcelona) A seleção de desenhos preto-e-brancos exposta explora a comunicação visual inspirada em tradições do design gráfico e seus ícones. Raimond matém seu trabalho comprometido com a América Latina e seu centro na essência. Raimond esteve presente na 27a Bienal Internacional de São Paulo em 2006
Gilda Mantilla (Los Angeles, 1967. Vive e trabalha em Lima). Uma série de imagens preto-e-brancas em pequeno formato, expostas em prateleiras, em sets de três, remete ao feminino entendido através do imaginário coletivo – uma série íntima e auto-biográfica. Gilda usa referências além de sua privacidade em seu trabalho e incorpora referências absorvidas da história recente do Peru. A artista participou da 27ª Bienal Internacional de São Paulo em 2006