Frank Thiel

12/08/2010 - 12/09/2010

A Galeria Leme tem o prazer de apresentar a primeira exposição individual no Brasil do artista alemão Frank Thiel.

Thiel é conhecido por sua preocupação de quase 20 anos com as transformações arquitetônicas, sociais, políticas e culturais da cidade de Berlim pós-muro. Suas obras tornaram-se parte integrante da história da evolução da cidade e, provavelmente, seu registro fotográfico mais importante.

Devido à sua habilidade de marcar em suas fotografias a relação dialética entre ideologia e estética, o trabalho de Thiel descreve de maneira única a formação de um novo espaço político dentro das estruturas urbanas e as obras resultantes parecem sempre se referir a um contexto narrativo mais amplo. O artista prefere o processo da construção ao resultado final e, persistentemente, busca a estética da temporalidade e da mudança. Esta arquitetura em transição é o verdadeiro assunto de Thiel – o incompleto.

Ao longo dos anos, o trabalho de Frank Thiel vem cada vez mais se afastando da visão macro, a visão geral da cidade, e indo para a visão micro, dos detalhes. Ele estendeu de forma contínua o seu repertório fotográfico, e o caráter frequentemente abstrato – quase pictórico, de obras recentes – explora brilhantemente a relação entre pintura, fotografia e escultura, e carrega suas imagens com novas referências além de seu forte contexto sócio-político.

A seleção de obras para exposição do artista na Galeria Leme, em primeiro lugar, foi o resultado do envolvimento Thiel com a arquitetura de Paulo Mendes da Rocha da galeria.

O artista escolheu sete fotografias de sua série mais recente para a qual ele coletou cortinas de edifícios industriais e governamentais abandonados em Berlim Oriental, onde permaneceram pelos os últimos mais de 20 anos, tornando-se testemunhas mudas do declínio do setor industrial de Berlim Oriental e do desaparecimento de seu sistema político. As cortinas, retiradas do seu local original, foram arquivadas, passadas a ferro e fotografadas em um estúdio. Ao pendurá-las na frente das janelas durante o dia, Thiel recria a atmosfera dos locais de origem. O artista meticulosamente dispõe o tecido em rígidas dobras, trabalhando contra as limitações da maleabilidade inerente aos materiais. As monumentais fotografias, três vezes maiores que seu tamanho real, assumem um caráter abstrato como resultado dos tecidos cuidadosamente manipulados, destacando-as ainda mais de sua questão original.

A suavidade dos tecidos contrasta de maneira interessante com a dureza das paredes de concreto da galeria, as meticulosas dobras das cortinas e a forma de pendurá-las no espaço da galeria correspondem com o rigor da arquitetura gradeada de Mendes da Rocha. Além disso, Thiel posiciona em uma das extremidades da galeria uma imagem que mostra o interior de um prédio abandonado – de onde as cortinas poderiam ser provenientes – com uma janela opaca. Assim, o espaço sem janelas da galeria abre-se para o exterior e o visitante pode ter uma melhor compreensão do contexto de toda a exposição. Um dos tetos da galeria está totalmente coberto por uma antiga fotografia de Frank Thiel, que mostra a pintura descascada do teto arruinado de um edifício abandonado em Berlim Oriental. Uma espécie de “metáfora do declínio contínuo do modernismo” (Robert Hobbs em Marking Time: Frank Thiel’s Photographs in Frank Thiel – A Berlin Decade 1995-2005) e um elevado contraste à perfeição, aparentemente indestrutível do concreto que é uma metáfora para o modernismo.

Frank Thiel nasceu em Kleinmanchnow, Alemanha, em 1966, e vive em Berlim. Thiel exibiu extensivamente em museus e galerias de todo o mundo, incluindo: The Portland Art Museum, E.U.A.; The Austin Art Museum, E.U.A.; The Phoenix Art Museum, E.U.A.; The Bass Museum of Art, em Miami, E.U.A.; PS1 Contemporary Art Center, em Nova York, E.U.A.; National Gallery of Canada, em Ottawa; Art Gallery of Ontario, em Toronto, Canadá; o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, Espanha; Moderna Museet, em Estocolmo, Suécia; Museu de Arte Mori, em Tóquio, Japão; o Fotomuseum Winterthur, Suíça; o Centro Galego de Arte Contemporánea, em Santiago de Compostela, Espanha; Centre National de la Photographie, em Paris, França; Museo Jacobo Borges em Caracas, Venezuela; Neue Nationalgalerie, em Berlim, Alemanha; e os Hamburger Bahnhof, em Berlim. No Brasil, seus trabalhos foram expostos em: XXV Bienal de São Paulo, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; SESC Paulista, São Paulo; IV Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre; Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília; Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro; e SESC Pompéia, São Paulo. Thiel foi convidado para várias bienais internacionais como a 48ª Bienal de Veneza, Itália, a 14a Bienal de Sydney, Austrália, a 2a Bienal de Valência, Espanha e 49th October Salon em Belgrado, Sérvia.