Escorpião e/ou Fotocopias de 1999 Gabriel Acevedo Velarde

10/04/2012 - 05/05/2012

O artista peruano Gabriel Acevedo Velarde apresenta Escorpião e/ou Fotocopias de 1999, a sua terceira exposição individual na Galeria Leme. Conforme explicitado pelo título, a exposição será dividida em duas partes, sendo a primeira formada por um conjunto de mesas/esculturas em vários materiais e um vídeo, e a segunda por uma série de colagens e gravuras.

A decisão de dividir a exposição em dois responde diretamente à sensação de divisão, ou até oposição e conflito, que o artista experimenta na condição de artista latino-americano radicado na Europa. E de fato, as alusões contidas no título da exposição referem-se, mesmo que de maneira aberta e substancialmente metafórica, à condição pós-colonial: a menção ao escorpião, em particular, é uma maneira de introduzir a lenda (comprovadamente falsa) de que o escorpião matar-se-ia com seu próprio veneno quando rodeado pelo fogo. Na visão de Acevedo, o mito torna-se uma metáfora do espaço trans-cultural, onde várias leituras do mesmo conceito podem conviver ou até se contradizer. Dessa forma, o círculo de fogo e o círculo que o escorpião cria ao injetar-se o veneno dão vida a uma série de circuitos em que o mainstream e a periferia retroalimentam-se, ao passo que se chocam. O artista aponta também para o período anterior ao advento da internet, isto é, até final dos anos 1990, quando o único jeito, no Peru, de tomar conhecimento do que acontecia no mundo era recorrendo a fotocopias das poucas publicações disponíveis.

De um ponto de vista formal, a exposição é representativa da produção recente de Acevedo, cada vez mais diversificada. Apesar da pluralidade de suportes e materiais empregados, contudo, tanto o conjunto de mesas que irão ocupar o espaço principal da galeria, quanto as obras de parede, devem ser reconduzidos à pesquisa do artista sobre o progressivo enrijecimento do legado modernista na produção contemporânea. E é nessa ótica que precisa ser lida também a referência a Oskar Schlemmer, figura proeminente da Bauhaus, onde era encarregado da organização de festas e de peças de teatro e de dança, isto é, ocupava-se de fornecer uma dionisíaca válvula de escape da inflexível pureza modernista, que por vezes, segundo Gabriel Acevedo Velarde, parece assediar e sufocar a sociedade contemporânea como um círculo de fogo.

Sobre o artista:

Gabriel Acevedo Velarde (Lima, Peru, 1976, vive e trabalha em Berlim, Alemanha)

Seu trabalho foi apresentado em diversas exposições entre as mais recentes destacam-se individuais no Arratia Beer, Berlim, Alemanha; Museum of Modern Art of Fort Worth, EUA; Museo de Arte Carrillo Gil, México. E as coletivas 11ª Biennale de Lyon, França; 29ª Bienal internacional de São Paulo, Brasil; 7ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil; 3rd Guangzhou Triennial, China. Gabriel possui obras em coleções particulares e públicas como Mali, Lima, Peru; Malba, Buenos Aires, Argentina; Lacma, LA, EUA; Museum of Fine Arts, Houston, EUA; JPMorgan Chase Art Collection, EUA.