Sul X North Felipe Cama

13/08/2015 - 26/09/2015

Galeria Leme apresenta a terceira exposição individual de Felipe Cama na galeria. Em “Sul X North” o artista aprofunda o seu interesse pela imagem digital, continuando a sua exploração sobre o seu estatuto ambíguo enquanto matriz de uma experiência de visualidade, assim como dos seus modos de difusão, circulação, reprodução e consumo.

Nesta nova série, o binômio computador-internet continua sendo o eixo central das obras, tanto do ponto de vista instrumental como de uma fonte de matéria-prima para os trabalhos. A exposição não se refere exclusivamente às possibilidades e limitações inerentes à natureza dos meios digitais e eletrônicos, mas também questiona o problema da representação de imagens da histórias da arte através destes mesmos canais.

Para melhor articular este paralelo entre duas formas de produção e apresentação de imagem, Felipe Cama se debruça, por um lado, sobre a obra da artista-viajante, Marianne North (1830–1890), e por outro, se apropria de diversas fotos postadas na internet de turistas anônimos.

North, naturalista e botânica inglesa, foi uma mulher pioneira para o seu tempo. Artista-viajante, começou suas excursões em 1871, indo primeiro ao Canadá, Estados Unidos e Jamaica, e finalmente residindo, durante um ano, no Brasil, onde realizava seu trabalho em uma cabana no interior de uma floresta. A artista realizou inúmeras pinturas que retratavam a paisagem do Rio de Janeiro do século XIX, cuidadosamente representando a flora e a paisagem que gradualmente sofria modificações realizadas pelos assentamentos humanos.

Apesar das modificações da paisagem, ao longo de mais de dois séculos, a artista foi tão certeira na escolha de seus enquadramentos, que até hoje podemos encontrar os mesmos ângulos nas fotografias de muitos turistas que passam pelo Rio de Janeiro.

Ainda que possuam naturezas completamente distintas, ambas maneiras de registar a realidade quando encontradas na internet, se apresentam como arquivos digitais, rapidamente difundidos na rede, e disponíveis para o consumo. Mesmo uma obra única como uma pintura, acaba sendo despida da sua materialidade ao circular pela rede na forma de imagens digitalizadas. Não se distingue portanto, das prosaicas fotografias captadas hoje em dia, e é igualmente consumida como substituto da experiência genuína de estar frente a uma pintura ou admirar uma bela paisagem.

Depois de se apropriar destas imagens, o artista não adultera os “originais”. Porém, lhes sobrepõe uma malha geométrica que acentua o efeito simulado de imagens sintetizadas. Homogeneizando-as como pixels (partículas formadoras da imagem digital).

A exposição conta com um grupo de 11 polípticos, que compõem um conjunto de cerca de 90 imagens no total. Através deste excesso, o artista pretende ainda representar as implicações da grande quantidade de informação com que lidamos depois do advento da internet, simultaneamente fazendo um paralelo com a maneira como as obras de Marianne North estão em exposição permanente na sua galeria em Kew Gardens, Grã-Bretanha, preenchendo todas as paredes do espaço.

Sobre o artista:
Felipe Cama, Porto Alegre, Brasil, 1970. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Formado em Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, São Paulo, e extensão em Artes Plásticas na FAAP, São Paulo, Brasil.

Exposições individuais: Autorretratos Estatísticos, Galeria Leme, São Paulo, Brasil, 2012; After Post – Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brasil, 2010; Programa de Exposições 2007, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil, 2007, entre outras.

Exposições coletivas: “Ichariba Chode” Brazilian Contemporary Art, Plaza North Gallery, Saitama, Japão; O Espírito de Cada Época, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil; Retroprospectiva: 25 anos do Programa de Exposições CCSP, Centro Cultural São Paulo, Brasil (2015); Entre Dois Mundos – Museu Afro Brasil, São Paulo, Brasil; 140 Caracteres – MAM, São Paulo, Brasil (2014); O Artista como Autor/O Artista como Editor, MAC/USP, São Paulo, Brasil (2013), entre outras.

Em 2010 foi premiado no Projeto Trajetórias da Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Em 2007 no Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (Prêmio Aquisitivo), entre outros.
Seu trabalho integra as coleções; MAC USP – Museu de Arte Contemporânea de São Paulo; MAM SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo; Coleção de Arte da Cidade – Centro Cultural São Paulo; IFF – Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, entre outras.