Origin of The Black Rainbow Henry Krokatsis

19/02/2013 - 16/03/2013

“Krokatsis é um artista que comercializa na natureza da mudança, com a moeda da
impermanência.” Edward Kelley

Em sua terceira exposição individual na Galeria Leme, Henry Krokatsis apresenta um grupo de trabalhos materialmente díspares.

Navegando entre obras de diferentes mídias, somos confrontados por duas pilhas de muletas, uma para adultos, e outra para crianças, moldadas em alumínio e polidas como espelho. Fazendo referência às muletas expostas em determinadas igrejas depois de serem publicamente dispensadas em um gesto de gratidão quando a prece de cura de seus usuários fora respondida, estes objetos, mais usados para evocar a vulnerabilidade humana e pena (principalmente das crianças), são transformados em símbolos de esperança para outros que ainda tem preces a serem respondidas.

Krokatsis leva esta transformação em direção ao imaculado, reproduzindo estes objetos abandonados de forma altamente polida e industrial, ao mesmo que os empurra em direção ao simbólico, reduzindo sua eficácia funcional.

Parecendo pairar sobre a intersecção do espiritual com o mundano, estão quatro trabalhos que se aproximam da forma de uma janela e evocam formas comuns em igrejas (duas redondas ‘oculares’ e duas verticais com topo arredondado) e são chumbadas como vitrais.
Envidraçados em padrões geométricos, mas em versões relaxadas e desenhadas à mão, que fazem uma aproximação precária, ao invés de vitrais, nos deparamos com painéis cortados a partir de vidros encontrados e espelhos descartados.

O formato de janela aparece pronto para o manuseio de Krokatsis. Além de seu lugar como um componente funcional, a forma representa um rico e metafórico papel como limite entre mundos distintos. Da afirmação da pintura como uma janela aberta, de Leon Battista Alberti (De Pictura 1435), até o uso Romântico para simbolizar a expansão do olhar, e da alegoria Cristã como o limite para o Outro absoluto.

Refletida no espaço está uma série de moldes feitos a partir de espelhos de casa comuns, cada um com pequenos motivos decorativos, como borda chanfrada ou clipes decorados, agora moldados em uma obstinada borracha preta que vai de choque com as qualidades
originais no espelho – de transparência (em todos os sentidos – em contos de fadas o espelho sempre serve como instrumento para estabelecer a verdade), de reflexão, ou mesmo de seu caráter frágil.

Apesar de diferentes em seus formatos, Krokatsis escolhe consistentemente objetos e métodos de produção densas de associações. O artista afroxa estas conexões e as permite vagar até que inexperadamente se assentem, frequentemente de maneira desconcertante. É
nesta liquefação e reconfiguração do objeto e seu espaço no mundo que Krokatsis expõe a instabilidade na forma e no momento que somos escolhidos para investir fé e valor, enquanto manifestando uma fé silenciosa no obsoleto.

Sobre o artista:
Henry Krokatsis (Londres, Inglaterra, 1965). Vive e trabalha em Londres.
Entre suas principais exposições estão as individuais: “Part Time Paradise”, David Risley Gallery, Copenhague, Dinamarca (2011); Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2010); “New Acquisition”, New Art Gallery, Walsall, Reino Unido (2006); e as coletivas: “British”, Vigo Gallery Londres, Inglaterra (2012); “Themes & Variations. Script and Space”| Gastone Novelli and Venice, Peggy Guggenheim Collection, Veneza, Italia (2011); “Still or Sparkling”, Gazelli Art House, Londres, Inglaterra (2011); “Scarecrow”, Averoff Foundation, Metsovo, Grécia (2006).