Blackout Jessica Mein

10/04/2012 - 05/05/2012

Para sua primeira exposição individual na Galeria Leme, Jessica Mein apresenta um conjunto de desenhos e colagens sobre papel, e uma vídeo-animação, todos inéditos no Brasil. O fio condutor do trabalho de Mein, tanto nesses trabalhos quanto em outros produzidos anteriormente, é o embate entre o uso de tecnologias digitais e meios mecânicos de reprodução, por um lado, e a intervenção da mão da artista, demorada, laboriosa e fatalmente sujeita a falhas e acidentes de percurso, por outro. A relação ambígua entre essas duas vertentes é enfatizada pela própria justaposição dos trabalhos: se, por um lado, seus desenhos e colagens possuem um aspecto impessoal e automático, aparentando ser o resultado de um processo inteiramente mecânico, o vídeo (Blackout, 2012) preserva uma aparência artesanal, que revela o processo de trabalho extremamente lento e complexo da artista.

Os desenhos e as colagens tomam como ponto de partida a visão de torres, postes e fios de alta tensão de Dubai, mas essa referência torna-se rapidamente, como é usual no trabalho da artista, apenas anedótica. Poder-se-ia dizer que a proliferação dos fios e a desconstrução das torres respondem ao desejo de Mein de enfatizar a onipresença desses elementos na paisagem, mas é evidente que, ao multiplicar e repetir exaustivamente os traços, a artista visa também transformar em puro signo gráfico uma imagem da qual ela se apropria, em primeiro lugar, por ser extremamente pertinente com seu próprio universo artístico.

A vídeo-animação Blackout, por sua vez, é composta pela rápida sucessão de mais de 700 desenhos, colagens, frames e imagens produzidos e manipulados pela artista através da repetição obsessiva de poucas ações fundamentais como recortar, dobrar, espelhar, copiar, etc. A sequencia resultante abdica de qualquer pretensão narrativa, tornando-se quase abstrata, o que por sua vez representa um ponto de inflexão na carreira de Mein. Os cabos e fios de alta tensão, que nos desenhos e colagens tornam-se, por vezes, quase indecifráveis, funcionam aqui também como elemento central, tanto diretamente quanto, ao ser recortados e quase que subtraídos da imagem, fazendo transparecer fugazes visões de um céu imaginário.

Sobre o artista:

Jessica Mein (São Paulo, 1975, vive entre São Paulo, Nova York e Dubai)

Seu trabalho foi apresentado em diversas exposições entre as mais recentes destacam-se as individuais, The Pavilion Downtown, Dubai, Emirados Arabes; Simon Preston Gallery, Nova York, EUA; Gallery Pfeister, Dinamarca. E as coletivas Museo Tamayo de Arte Contemporaneo, Mexico; El Museo del Barrio, Nova York, EUA. Seu trabalho faz parte de coleções como The Museum of Modern Art, Nova York, EUA e Julia Stoschek Collection, Dusseldorf, Alemanha.